A América Latina ainda está em estágios iniciais no que tange a implementação de inteligência artificial (AI) em empresas, mas, por outro lado, há uma perspectiva de crescimento significativo em 2018. A previsão é atingir um volume de negócios de cerca de US$ 1,64 bilhão, na média, por empresa, aproximadamente 50% superior ao do ano passado. As conclusões são de estudo realizado pela multinacional de serviços de TI everis em parceria com a Endeavor, que aborda os impactos da inteligência artificial no empreendedorismo na América Latina.
Os setores nos quais se concentra a maioria das empresas com alto nível de especialização em AI são os de prestação de serviços e software, saúde e mídia, embora exista uma variedade de empresas dedicadas à educação, mineração, marketing, cadeia logística e varejo. Para desenvolver suas atividades nesses mercados, 60% das empresas representadas no estudo receberam financiamento externo de uma ou mais fontes (33% de capital semente, 29% de capital privado, 21% em rodadas de financiamento de série A ou B, e 17% de investidores anjos).
Desafios do empreendedorismo de AI na América Latina
Os principais desafios apontados no estudo são:
· Escassez de talentos especializados em AI – O mercado de trabalho carece de profissionais com o tipo de conhecimento técnico necessário para o desenvolvimento dessas soluções.
· Falta de informação para treinamentos em AI – Visto que boa parte das técnicas mais utilizadas atualmente em AI exigem informações que permitam a efetivação do aprendizado, os empreendedores sentem falta de um volume maior de dados com os quais seja possível efetivar este aprendizado.
· Falta de familiaridade com a AI – Outro problema enfrentado pelos empreendedores de AI é o fato de seus clientes, tanto empresas quanto pessoas físicas, não conhecerem esse tipo de solução, o que gera certa desconfiança em relação aos produtos e serviços fornecidos.
· Dificuldade em obter recursos financeiro – A maioria dos entrevistados afirmou ser extremamente complicado obter recursos para financiar seus projetos na América Latina, em comparação com os EUA.
O que precisa ser feito
A partir desses desafios apresentados pelos empreendedores, o estudo chegou à conclusão que quatro aspectos principais precisam ser trabalhados. São eles:
· Talento – Universidades e empresas deveriam focar na geração das capacidades necessárias para a criação de soluções de AI, promovendo a diversidade do ponto de vista de conhecimentos. Faltam engenheiros, como também especialistas em experiência de usuário, linguistas etc.
· Dados – O setor privado e especialmente as administrações públicas deveriam disponibilizar mais dados referentes a áreas como a de saúde e de educação, a fim de possibilitar a aprendizagem e, consequentemente, a geração de novas soluções baseadas em AI.
· Divulgação – A sociedade civil, o setor empresarial e as administrações públicas na América Latina deveriam disseminar e oferecer suporte a AI, eliminando barreiras de adoção e introduzindo temas complexos, como o impacto nas atividades laborais ou a privacidade dos dados.
· Financiamento – A América Latina deve continuar desenvolvendo seu ecossistema de investimento econômico em empreendedorismo de AI. Além de mecanismos financeiros e legais para facilitar os investimentos no empreendedorismo, deve-se almejar também a criação de um foco adequado em AI, por meio de fundos especializados, iniciativas público-privadas, prêmios específicos etc.