Pesquisas apontam que startups de tecnologia da América Latina já levantaram mais de US$ 5,8 bilhões em investimentos desde 2012, tendo o Brasil como principal potência
Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de um novo e fértil ecossistema de negócios no País: o de startups. Como resultado desse movimento, o mercado brasileiro conseguiu dar forma a seus primeiros “unicórnios”, empresas com avaliação de preço de mercado acima de US$ 1 bilhão de dólares, entrando de vez para um seleto grupo global.
O cenário brasileiro acompanha uma realidade em destaque em toda a América Latina. Pesquisas apontam que startups de tecnologia na região já levantaram mais de US$ 5,8 bilhões em investimentos desde 2012, tendo o Brasil como principal potência e liderando de forma absoluta a transformação digital e inovação no cenário. Esse ambiente está amadurecendo e, sem sombra de dúvidas, seguirá como um dos grandes caminhos para o crescimento do Brasil neste ano.
Ao observamos esse novo panorama fica evidente que o Brasil sinaliza um maior foco na inovação. Para que mais avanços sejam possíveis e em menor tempo, no entanto, essas empresas dependem de uma sólida expansão da cultura de transformação e de aportes financeiros.
Nesse sentido, embora tenhamos dado alguns passos rumo ao desenvolvimento, com novas estratégias públicas e a expansão dos Fundos de Investimentos-Anjo, ainda existe muito a ser feito para maximizar as vantagens do ecossistema de startups e contribuir para o surgimento de produtos e serviços que, de fato, agreguem maior valor e resultado a toda a cadeia de consumo.
Entre os pontos a serem trabalhados podemos destacar a necessidade de redução dos entraves e da burocracia em relação às linhas de crédito específicas para o setor e a criação de políticas de investimento destinadas às companhias disruptivas. Outro ponto que ainda precisa avançar é a legislação brasileira, que em alguns aspectos ainda está bastante despreparada para a forma de organização das novas empresas, impondo uma alta carga de impostos, juros e regras que atrapalham a rentabilidade dos negócios. Vemos que há um amplo esforço no sentido de fomentar a modernização das políticas em relação às startups, mas essa transformação precisa seguir adiante, aproximando e integrando cada vez mais o Governo, os investidores e os empreendedores.
É importante lembrar, porém, que outras oportunidades de tornar as startups atrativas não são de responsabilidade do Governo. Os empreendedores também têm um papel importante nesse cenário, uma vez que, além da conformidade com as normas vigentes no País, precisam direcionar processos internos mais claros e objetivos em suas empresas. Essa é, efetivamente, uma das grandes contrapartidas que os empreendedores precisam oferecer ao mercado, sobretudo quando estão à procura de capital.
Além de promover a melhoria de seus processos internos, essas empresas precisam encontrar formas de comprovar, com clareza e objetividade, que possuem alinhamento estratégico e viabilidade comercial. Ter uma estratégia bem definida e coerente, alinhada às necessidades e expectativas dos investidores a respeito da geração de resultados, gera aumento da confiança dos interessados em contribuir com o negócio. Paralelamente, é necessário mostrar que a ideia é viável economicamente, por mais disruptiva que pareça.
É importante ter em mente que vivemos em um mundo que muda constantemente devido aos avanços tecnológicos. Assim, nenhuma empresa poderá se desenvolver se não estiver em dia com as novidades. Para isso, é necessário que as startups assumam uma atitude inovadora não apenas nos produtos e serviços que oferecem, mas principalmente em seus processos, de forma a garantir um ambiente favorável à adoção de novas tecnologias que complementem e agreguem valor ao seu perfil inovador.
Está claro que o cenário para o pleno desenvolvimento de um ambiente favorável às startups ainda apresenta um longo caminho. Trata-se de um momento único, em que conseguimos detectar as oportunidades de melhoria e propor soluções que tragam resultados efetivos. Há um universo de possibilidades aberto para as startups e para os investidores, mas somente as empresas que conseguirem aliar seus diferenciais às necessidades do mercado irão se destacar e obter o apoio e os recursos necessários para concretizar suas ideias inovadoras.
Christian Dunce — Sócio da Lighthouse
Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/como-as-startups-brasileiras-podem-se-tornar-mais-atrativas/127779/